Como o artista lida com a falsidade da sociedade? | Aula particular de inglês com arte

O post de hoje se refere ao movimento iniciado por aqueles que estavam cansados das paisagens monótonas e da natureza retratada em sua pureza: o decadentismo.

Os artistas deste movimento expressavam em sua arte e literatura sentimentos grotescos, perversos e dramáticos. As pinturas por vezes retratavam a natureza, mas com uma outra visão: orquídeas, pavões e borboletas se misturavam numa arte fantástica, sinistra e de grandes proporções como no quadro A Sala do Pavão (1876 -1877) de James Abbott McNeill Whistler (1834 -1903).

A Sala do Pavão (1888), de James Whistler

As flores do mal

O principal nome do movimento é Charles Baudelaire (1821 - 67), poeta e crítico de arte francês. Sua coletânea de poesias lançada em 1857, Les Fleurs du Mal, conta com textos que apresentam ideias chocantes para a realidade burguesa da época, tais como a mulher sendo vista como força erótica e destrutiva e também seu fascínio pelo mórbido e pelo perverso. De acordo com suas ideias o bom e o belo deveriam ser criados, enquanto que o mau era produzido espontaneamente pela natureza. Ainda de acordo com Baudelaire o artista moderno era um marginal que se escondia da falsidade da sociedade da classe média e que buscava refúgio num mundo artificial, onde a arte não precisava de moral para existir e possuía uma beleza sinistra e fria.

Após Baudelaire, o movimento decadentista é notado na obra As Avessas (1884) de Joris-Karl Huysmans (1848 - 1907). No livro o protagonista decora sua casa com obras dos simbolistas Gustave Moreau e Odilon Redon que o levam para um mundo paralelo onde se refugia. As obras em que Moreau retratou Salomé mostram claramente a alma decadentista onde a adoração à natureza é substituída pela adoração ao dândi e a ficção e a mente ocupam os lugares da realidade e da praticidade.

Arte pela arte

Na Inglaterra as ideias decadentistas se fundiram com as ideias estéticas. O escritor Walter Pater (1839 - 94) seguiu as ideias de Baudelaire e chegou a propor a substituição da religião por uma “religião da arte” onde o termo chave era “arte pela arte”, ou seja, uma arte livre de moral e pressupostos religiosos.

Outra característica decadentista era a presença do desespero trazido pela crise fin-de-siècle. Artistas como Albert Moore (1841 - 93) e Sir Lawarence Alma-Tadema (1836 - 1912) retrataram o fascínio por antigas civilizações que foram destruídas como a Grécia e Roma. Na obra As Rosas de Heliogábalo (1888), Alma-Tadema expressa que a única forma de se escapar da monotonia e da decadência é através do sensualismo hedonístico - mensagem propositalmente chocante para a Inglaterra.

As Rosas de Heliogábalo (1888), de Sir Lawrence Alma-Tamada

Aubrey Beardsley (1872 - 98) foi um típico artista decadentista. Suas ilustrações mostravam uma mistura de um clima sinistro com pornografia e erotismo, além de buscar inspiração nas gravuras japonesas. Sempre em preto e branco seu estilo foi decisivo para o desenvolvimento do art nouveau internacional.

Beardsley alcançou a fama de forma rápida, pois ilustrou a obra Salomé do escritor Oscar Wilde (1854 - 1900) e teve suas ilustrações expostas em exposições organizadas pelo grupo La Libre Esthétique. Quando Wilde foi condenado por sodomia e seu escritório foi fechado, Beardsley foi demitido e, posteriormente, passou a ilustrar o periódico The Savoy, mantendo seu estilo.

Ilustrações de Beardsley para Oscar Wilde

Do sensualismo ao espiritualismo

Em meados dos anos 1890 a atenção artística passou dos decadentistas para os simbolistas. Neste estilo várias características são mantidas, como a ficção e as obras fantásticas, porém o sensual da lugar ao espiritual e é com base nisto que este estilo se desenvolve.

Em breve aqui no site do seu professor particular de inglês conheceremos mais sobre o simbolismo. Não perca!